Jovens católicos, um seminarista e outro próximo de se tornar um, falam sobre experiências em seminário e processo de aprendizado na fé cristã
Respectivamente Felipe Harbson e Ginaldo Alves: ilustração |
Vidas
tão comuns, caminhos tão distintos, mas um único objetivo: dedicar-se ao
evangelho e seguir efetivamente o caminho da palavra cristã. Não fora fácil
para esses dois jovens alagoanos de 25 e 26 anos, respectivamente Felipe
Harbson e Ginaldo Alves, encontrarem, através da fé, a vocação para se entregar
de corpo e alma à religião católica em meio a tantas angústias, incertezas e
experiências.
Para quem almeja ser sacerdote, é preciso se dedicar anos ao seminário, ter
muita paciência e acima de tudo, fé. E todos esses elementos nunca faltaram na
vida de Ginaldo, que após ter sua primeira experiência em um coral de sua
comunidade, percebeu sua vocação para servir à palavra sagrada. “Parecia que
tudo estava se esclarecendo em minha vida; era como se eu fosse cego e agora
estivesse começando a enxergar. Tudo a partir dali fazia sentido; eu estava
nascendo novamente. Entendi isso quando li o terceiro capítulo do evangelho de
João”, explica. Por sua vez, Felipe, que sempre teve uma família católica,
disse que antes de se entregar efetivamente à religião, teve uma vida de
católico praticante que não levava tão a sério a própria fé. No entanto, foi em
um encontro da Comunidade Canção Nova, da cidade de Gravatá (PE), que resolveu
questionar a Deus se nele existia “vocação” para caminhar na fé cristã.
Acostumado a ir a encontros do gênero, Felipe aguardou algum sinal (resposta)
relacionado ao seu questionamento. Fez contatos com alguns irmãos da fraternidade
O Caminho, e um deles, em especial, passou uma noite em oração por ele,
chegando a lhe enviar uma carta incentivando-o a enfrentar as angústias e os
desafios para viver uma vida consagrada. Fora através desse fator que Felipe
diz se sentir “catequizado” por Deus.
No início, Ginaldo conta que sua família ficou triste com sua decisão de ser
sacerdote, mas com o passar do tempo, seus pais viram sua realização plena,
acostumaram-se com a ideia e passaram a encontrar a própria felicidade. “A
princípio ficaram um pouco tristes, pois todos querem que seus filhos se casem
e lhe deem netos. Contudo, eles me apoiaram nessa decisão, pois viam que eu
estava feliz e a vida que eu vivia agora não se comparava à de antes. Hoje,
acho que eles ficariam muito tristes se eu abandonasse essa vocação”, frisa. Já
a família de Felipe apoiou sempre sua escolha, pois segundo ele, todos são
católicos e conscientes da própria fé. Estudante de Engenharia Civil, ele diz
que pretende conciliar as duas vocações (a espiritual e a profissional), embora
lhe pareça uma tarefa crucial. Ele cita um aspecto interessante que o incentiva
nessa tentativa: “já cheguei até a dormir em uma casa construída por um
sacerdote engenheiro. Isso já é bastante motivador para mim”.
Ginaldo completou quatro anos na Arquidiocese de Maceió e concluiu recentemente
a primeira fase que se concentra na Filosofia, sendo 2012 o seu terceiro ano.
Neste ano, iniciará uma nova fase de quatro anos concentrada em Teologia. Já
Felipe, embora ainda não seja seminarista (só entrará no Seminário quando
concluir seu curso na Universidade Federal de Alagoas, que será em breve), está
colhendo bons frutos como catequista de Crisma, que iniciou o trabalho no
início de 2010 e que o finalizou em novembro com uma turma que passou a ser
formada no segundo semestre de 2011.
Maceió, atualmente, possui 35 (trinta e cinco) paróquias e mesmo assim,
Felipe e Ginaldo acreditam que ainda existe carência de sacerdotes na capital
alagoana. “Infelizmente existe essa carência. O ideal seria que todo sacerdote
tivesse uma comunidade a ponto de conhecer pessoalmente cada fiel”, disse
Felipe. Ginaldo enxerga a carência não restritamente à diminuição do número de
sacerdotes, mas a outros fatores, como o aumento populacional, o aumento do nível
escolar (que requer uma maior necessidade para que as pessoas conheçam mais
profundamente a fé da Igreja), questões do ativismo e materialismo
demasiadamente presentes na sociedade atual, o aumento do Protestantismo e de
outras seitas e religiões. “Em tudo isso há a necessidade de uma maior demanda
de padres para que essas questões sejam tratadas mais cuidadosamente“,
acredita.
Polêmica
Um assunto bastante delicado e discutido assiduamente em sociedade são fatos
relacionados a alguns crimes de pedofilia, ocorridos recentemente em Alagoas,
envolvendo alguns sacerdotes. Essa polêmica poderia causar um sério
descontentamento em seminaristas que estão trilhando seu objetivo através da
fé, mas Felipe, embora não se sinta bem ao se deparar com fatos dessa natureza,
reza, através de sua fé como cristão, pela conversão desses sacerdotes, e
comenta acerca de algumas pesquisas divulgadas: “a porcentagem de casos como
esses é muito pequena. Pode-se dizer que não são sacerdotes que se tornaram
pedófilos, mas pedófilos que se tornaram sacerdotes”, finaliza.
Por
Gustavo Aquino
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