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terça-feira, 29 de outubro de 2013

O DILEMA PARA ENCONTRAR OS MEIOS E O SUCESSO

O mercado de trabalho está cada vez mais competitivo e em algumas áreas, a má remuneração ainda é um tabu


Por Gustavo Aquino

   Não são poucas as expectativas de universitários com relação ao mercado de trabalho que terão de enfrentar após a conclusão de suas graduações. Pressão, ansiedade e receio de encarar uma nova realidade e corresponder às expectativas próprias e às de quem os coordenam na prática de suas atividades são, muitas vezes, suas maiores angústias. Há outros fatores que pesam tanto quanto a concorrência na vida dos recém-formados: a baixa remuneração em algumas profissões e as indicações de pessoas próximas para ocupações de vagas que o mercado necessita, descartando, muitas vezes, as possibilidades de aprendizado, conhecimento e habilidades para a execução das tarefas.

   Sete jovens recém-formados nos cursos de Fisioterapia, Enfermagem, Educação Física, Direito, Administração e Publicidade e Propaganda conversaram com o Luz, Câmera e Variação a fim de que destacassem suas perspectivas acerca das profissões escolhidas, das dificuldades ao longo da graduação e da estabilização no mercado de trabalho.

 SAÚDE

   Lis Carvalho (24), formada em Enfermagem desde o fim de 2011, é um exemplo de que não basta ter formação na área da saúde para entrar com facilidade no mercado. A grande quantidade de profissionais disponíveis é intimidador para aqueles que concluem sua graduação e que aguardam ansiosamente um espaço no âmbito profissional. “Tive um pouco de sorte por ter começado a trabalhar logo que me formei. Passei por um processo seletivo bastante extenso e obtive resultado satisfatório. Depois de um ano e meio de formada, ainda há pessoas da minha turma que não conseguiram emprego com todos os direitos. São mais contratos”, lembra.
Lis Carvalho (24), formada em Enfermagem
(Foto: arquivo pessoal)

   Mesmo empregada atualmente, Lis Carvalho almeja o mesmo que tantas outras pessoas: ser aprovada em concursos. “Pretendo passar em um concurso que me propicie um equilíbrio entre carga horária e estabilidade financeira. Meu emprego me proporciona isso, no entanto por eu trabalhar em uma empresa privada, surgem incertezas ao longo do caminho”, frisa. O término das graduações gera ainda mais incertezas quando os recém-formados se deparam com uma nova realidade, onde esse novo caminho requer maiores responsabilidades e cobranças.


   Outro fator que pesa na vida de um recém-formado é o de que nem sempre experiência, currículo e conhecimento estão no topo de prioridades de algumas empresas. “Observo que atualmente muitas oportunidades de trabalho são oriundas de contato político. Infelizmente não somos avaliados pelos nossos conhecimentos, mas pelo ciclo social ao qual estamos inseridos”, observa Izadora da Costa (23), formada em Fisioterapia desde 2012.

   Apesar de haver diversos graduandos no curso, Izadora da Costa afirma ter entrado na profissão por acaso. Ela conta que ao concluir o Ensino Médio prestou vestibular para os cursos vigentes no período de sua inscrição para o vestibular: Direito e Fisioterapia. Acabou optando por Fisioterapia para estudar em Maceió, já que para cursar Direito, teria de ficar em Penedo (AL), sua cidade-natal.
 
Izadora da Costa (23), formada em Fisioterapia
desde 2012 (Foto: arquivo pessoal)

 A fisioterapeuta já passou por experiências frustrantes. “Já fui negada em um emprego com a justificativa de ser bastante bonita para o cargo. Em outra situação, fui chamada para trabalhar em uma clínica e no fim do mês não me pagaram, e até hoje não recebi”, lamenta. Sua ideia inicial seria cursar Publicidade e Propaganda, mas acabou desistindo.

   “Não prestei vestibular para o curso porque todos falavam que era uma profissão que não tinha mercado de trabalho e que remunerava muito mal”, lembra. Essa é uma realidade que não é apenas encontrada na Fisioterapia; a entrada ao mercado significa um grande obstáculo a ser enfrentado para muitos que saem das universidades.

   Como em outras profissões, Educação Física também impõe dificuldades para aqueles que vivem da profissão. Entretanto, a educadora Viviane Alécio, que ao contrário de profissionais que citam a má remuneração como grande tabu de se manterem estáveis financeiramente e no mercado, destaca as precárias condições das escolas, falta de materiais e muitas vezes de espaço físico e alunos indisciplinados. “Situações como essas, exigem profissionais cada vez mais criativos e pacientes”, acredita.
Os educadores físicos Emanuel Aragão e Viviane Alécio
 (Fotos: arquivo pessoal)

   Por outro lado, tanto Emanuel Aragão, como Viviane Alécio, dizem estar realizados com a profissão escolhida. “É muito gratificante. Mesmo com todas as dificuldades, ser professor é acrescentar um conhecimento que o aluno poderá levar por toda a vida”, diz Viviane. “Ajudar às pessoas a alcançarem seus objetivos pessoais é uma grande satisfação”, afirma Aragão, que como dica para aqueles que desejam ingressar na área, é preciso aproveitar ao máximo os conhecimentos adquiridos durante a graduação, pois a clientela dos profissionais tende a ser cada vez mais exigente.

HUMANAS
  
   É nítido observar que alguns conseguem empregos de forma mais rápida, enquanto outros precisam persistir mais diante das dificuldades encontradas ao longo do caminho.  “O mercado de Publicidade é pequeno. Não existe um piso salarial, não há sindicato de publicitários, mas há muitas vagas para quem deseja realmente seguir na profissão. No começo da carreira é difícil, mas no decorrer dela, o profissional cresce como em qualquer outra”, destaca Anderson Gomes, acadêmico de Jornalismo, que se formou em Publicidade e Propaganda no fim de 2012 e que atualmente trabalha na área de mídia.
Anderson Gomes (22), acadêmico de Jornalismo
e formado em Publicidade desde 2012 (Foto:
arquivo pessoal)

  Gomes destaca a importância da Internet como ferramenta fundamental para a procura de estágios. Foi assim que ele conseguiu uma oportunidade em uma agência de Publicidade, onde estagiou por um ano e meio. Logo em seguida, foi convidado para trabalhar em outra agência. Dessa vez, não mais como estagiário e ao longo da graduação.

      O universitário está prestes a abrir uma empresa de Publicidade com uma sócia que foi sua chefa no período de seu estágio. Por esse motivo, Anderson Gomes diz ter iniciado a graduação em Jornalismo para estar sempre buscando conhecimento e levando toda a bagagem acadêmica para a vida profissional. Para aqueles que pretendem estudar Publicidade, Gomes é enfático: “não desistir é fundamental. Antes de começar a cursar, seria interessante conhecer melhor a profissão e ter em mente o que quer dela. Há a ideia de que o curso é restrito, mas a verdade é que há vários campos de atuação”.

    Há estudantes que já adquirem experiência na área profissional desejada antes mesmo de iniciar os estudos acadêmicos, como é o caso de Neto Bertoldo (22), que se formou em Administração em 2012. “Tive experiências quando ainda era menor de idade com profissionais da área, fato que ajudou bastante na minha escolha”, lembra ele, que atualmente trabalha na área financeira.
Neto Bertoldo (22), formado em
Administração desde 2012, trabalha
atualmente na área financeira (Foto:
arquivo pessoal)

   De acordo com dados do Censo da Educação Superior, em 2012 o curso teve 833.042 matrículas em todo o país. Essa observação remete à ideia de que o mercado é bastante concorrido. As dificuldades na graduação e no mercado não são tão diferentes de outros cursos e espaços profissionais. “Ao longo do curso tive dificuldades em estudar disciplinas diferentes de minha área de atuação. No mercado, o problema que ainda encontramos é a má remuneração”, destaca Bertoldo.

   O curso de Direito também vem ganhando cada vez mais adeptos, ficando em segundo lugar com 737.271 matrículas feitas em 2012. Na maioria das vezes, muitos pensam em focar em concursos, outros em advogar, como é o caso de Eduardo Medeiros (30), que também se formou em 2012. “Minha meta é passar no exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) o mais rápido possível. Hoje não pretendo ser funcionário público, mas tenho um desejo pessoal de advogar e de fazer um mestrado em Direito Público”, visa.
Eduardo Medeiros (30) tem como principal objetivo ser
aprovado no exame da OAB (Foto: arquivo pessoal)

   O mercado de trabalho oferece grandes oportunidades nos mais diversos ramos, visto que o mundo está constantemente mudando em caráter social, econômico e ambiental. Com isso, o espaço profissional está abrindo um leque de oportunidades nas mais diversas áreas do Direito. “A responsabilidade de cada indivíduo nos destinos da sociedade é imensa e é dessa responsabilidade que o mercado de trabalho abre portas”, pondera.

   Sobre as dificuldades encontradas ao longo dos cinco anos de faculdade, ele destaca a familiaridade com o universo jurídico escrito. “Houve uma grande briga ao tentar muitas vezes separar a visão jurídica acadêmica com a efetivação da prestação estatal do Direito junto à sociedade”. Eduardo Medeiros é uma das provas vivas de que para se firmar no mercado de trabalho é preciso compromisso absoluto no momento acadêmico. “Os campos estão abertos; os concursos nas áreas jurídicas necessitam de vagas. O que tem faltado muito é compromisso na graduação, pois em qualquer curso tem-se de sempre ir mais além”, acredita.

  
“Observo que atualmente muitas oportunidades de trabalho são oriundas de contato político. Infelizmente, não somos avaliados pelos nossos conhecimentos, mas pelo ciclo social ao qual estamos inseridos”.


  Os salários no começo, meio e auge de carreiras
  •    O número de formandos é incompatível com o de estudantes que entram nas universidades, sendo este bastante elevado.
  •      O salário de um publicitário em auge de carreira pode ultrapassar dos R$ 15 mil quando o ganho está relacionado ao alcance de resultados, assim como para um educador físico, que se tiver bastante renome no mercado, a remuneração pode variar de R$ 20 mil a R$ 70 mil. Entretanto, esses números dependem bastante do talento e flexibilidade dos profissionais.

   

Dados: ultimosegundo.ig.com.br
           guiadoestudante.abril.com.br


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